segunda-feira, 25 de julho de 2011

Relacionamento e independência financeira


Em umas dessas conversas do horário do almoço, falávamos sobre dinheiro e relacionamento. É tão difícil falar sobre este tema, que chega ser mais fácil falar sobre sexo com seu parceiro que finanças. 

Nunca tive a concepção de “branca de neve” - aquela que a mocinha espera o príncipe encantado em um cavalo branco e a leva para morar em um castelo maravilhoso com todas as contas pagas - Sempre fui muito independente e não me vejo dependendo completamente de um homem para me manter. Não quero dizer que tenho que bancar “em pé de igualdade” todas as despesas num relacionamento.

A visão romântica de viver de amor, dura no máximo até os 14 anos de idade, depois disto vem à certeza que se um homem banca tudo em uma casa, ele também dá as ordens e é lógico não tem como ele não se sentir provedor e responsável pelo seu sustento. Isso não quer dizer que uma mulher não possa em comum acordo resolver deixar o emprego para assumir os cuidados com os filhos ainda pequenos, mas que fique claro que de uma forma ou de outra, irá manter-se financeiramente rentável, nem que seja uma renda mínima que a possa lhe garantir a dignidade. Um exemplo prático seria aulas de reforço escolar para as crianças próximas a sua casa.  

Um homem quando assume todas as despesas da casa, passa a ver a mulher como uma criança a qual ele é o tutor e tem todas as responsabilidades como se fosse um dos seus filhos. Neste instante a mulher perde o status pessoal de segurança, de independência, de controle da sua própria vontade. Não pode comprar o que deseja sem que seja necessário pedir, e às vezes até justificar cada centavo gasto. Fora os comparativos das despesas que tornam cada compra uma análise orçamentária detalhada. Fazer uma surpresa para o companheiro, nem pensar! Como justificar a compra de uma lingerie, ou os itens para um jantar romântico fora da feira, quando o marido está junto para passar o cartão de crédito!? Logo tudo que faz fica muito previsível. A mulher perde o encanto do mistério e autocontrole sobre sua própria vida.

A visão oposta também ocorre. Não me vejo interessada por alguém que não tenha liberdade financeira, mesmo que eu não dependa dela. A mulher, por mais independente que seja não se sente confortável em ganhar mais que o homem com quem ela se relaciona, nem acha agradável que ele ainda não tenha saído da casa dos pais, ou não tenha algo concreto a oferecer.  Ambição não é uma palavra purista, porém não cabe em um relacionamento duradouro a falta dela. Sejamos realistas, quem apostaria suas fichas em um relacionamento onde o parceiro não tivesse visão do seu futuro, ou ainda vivesse como se a mesada dos pais fosse suficiente para o seu sustento. Óbvio que depois da “apaixonite” aguda o fim do relacionamento seria inevitável.

Manter um relacionamento saudável não é só não ter ciúmes, respeitar a privacidade do outro, a individualidade do parceiro, ou simplesmente ter amor próprio. Manter um relacionamento saudável também é saber que sua liberdade e dignidade são mantidas em parte por sua independência financeira. Isto não quer dizer que sejamos frios e calculistas ao ponto de só aceitar o início de um relacionamento, depois de uma análise contábil nas finanças do seu parceiro. Ressaltar que o mais importante é ter certeza que a fase mágica dos primeiros encontros e sonhos, irá por água abaixo no primeiro dia em que você começar a bancar todas as contas sozinho, isso não é uma visão radical, apenas um ponto de vista.

Lição do dia: Independência financeira também é característica de um relacionamento saudável e duradouro.

terça-feira, 19 de julho de 2011

“Quero mais que o novo me surpreenda” – E o que há de novo?

Confesso que hoje pela manhã estava super ansiosa pelo que me esperava. Tão estranho já está contratada há quase 6 meses por uma empresa e sentir a sensação do primeiro dia de trabalho. Ser analisada; satisfazer as expectativas das pessoas; dos seus gestores; tudo isso causa um estresse normal. Temos esta necessidade de aceitação constante em nossas vidas seculares.

Passei o domingo imaginando como seria. Precisava me sentir segura diante de todos que me aguardavam ansiosamente e nada melhor que cuidar da mente e da beleza para se sentir segura. Procurei me informar, entrei no site, vi o que a empresa tem feito de novo, li sobre novas técnicas de testes, enfim... me preparei. Ao deitar, orei a Deus e pedi que fosse feita a sua vontade e que esta mudança seja algo de bom para mim em todos os aspectos.

Cheguei cedo, assim que entrei já dei de cara com um saco de areia que fica na entrada da fábrica. Já passava um pouco mais das 8h e quase ninguém tinha chegado. O ambiente mais parecia o CESAR. Uma grande sala sem divisórias e com baias cheias de toques pessoais que vão desde bonecos mangá, miniaturas de motos até artigos de papelaria cor de rosa, meigos e cheios de florzinhas.

Uma estrutura confortável, vários quadros espalhados pelas paredes da sala, todos repletos de histórias e um misto de Scrum e outras metodologias ágeis.  Revistas sobre Gestão de Projeto nas mesas dos GP´s e muita coisa da Microsoft também. Aos poucos o pessoal foi chegando. Todos fizeram questão de me cumprimentar e falar algo sobre os colegas da equipe com um tom de brincadeira e descontração. O ambiente é bem jovem, bem estilo “Google”. Gostei da vista para rua e principalmente para o céu, coisa que não tinha mais no cliente. A primeira impressão foi bastante positiva. O clima é agradável, às vezes um pouco barulhento – Alguém me disse que mais lembrava uma redação de jornal – mas são apenas em alguns períodos sazonais no decorrer do dia. 

Entre o overview do projeto que vou participar fui praticamente intimada a participar de um Paintball com toda equipe, na sala são poucas mulheres, na verdade, apenas 4 contando comigo e sou a única da equipe IW. Eu me senti paparicada, todos queriam me agradar e não pude recusar o convite. Sobre o projeto, já peguei literalmente o bonde andando. Na última sprint e a princípio já estou alocada em dois projetos ao mesmo tempo. Fiquei animada, por ser ouvida, por ter novos desafios e por ser tão bem recebida. Resumindo: a primeira impressão foi ótima até o momento, espero que continue assim.

Lição do dia: Na fase de adaptação: ‘a primeira impressão é sempre a que fica’. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A gente acha que só pode acontecer com os outros

Abaixo o testemunho emociante de uma grande amiga que não vejo há algum tempo.

Lição do dia: A gente acha que só pode acontecer com os outros.
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Emily Heidi Koehler13 de julho de 2011 18:44

Meus queridos,

Hoje foi um dia atípico.

Depois de uma longa noite de muitas chuvas, amanhecemos com um tímido sol.

Saí um pouco depois do horário de costume, e como muitos aqui sabem, sigo para o trabalho no centro da cidade, na maioria dos dias, utilizando ônibus, por diversos motivos: combustível, transito e dificuldade de estacionamento etc...

Perdi o ônibus das 6h10 (Piedade – Conde da Boa Vista) e preferi pegar o primeiro que passasse Rio Doce – Piedade.

Este geralmente tem lugar para sentar e foi o que ocorreu.

Sentei e logo atrás de mim sentaram 02 pessoas que se conheciam e começaram a conversar (falavam alto). Pensei: ai meu Deus!!! Ninguém merece andar de bus ouvindo besteira no pé do ouvido logo às 6h30 da manhã.

Mas eu tinha uma saída, coloquei o headfone nos ouvidos, para ouvir como sempre a rádio nova Brasil, num volume bem razoável, o mínimo necessário para não ouvir a voz dos tais passageiros.

Ao passar pelo Hospital da Aeronáutica percebi que as demais pessoas do ônibus estavam olhando para o mar/horizonte e depois rapidamente para o lado oposto, pensei que tivesse sido um acidente automobilístico, no entanto, para minha surpresa, vi apenas uma explosão no terreno baldio onde geralmente os circos que passam pela cidade são armados. Aliás, até a semana passada tinha um circo armado naquele local.

Meus amigos, a explosão por mim relatada era de um avião. Ele passou bem baixinho por cima do ônibus em que eu e tantas outras pessoas estavam. Foi um desespero, ninguém acreditada no que estava vendo. Todos os carros e ônibus pararam, as pessoas saíram correndo em direção ao avião que pegava fogo, mas todas sem saber o que fazer, correndo de um lado para o outro, com as mãos na cabeça, gritando e pedindo socorro.

Meu Deus!!! Parecia um filme. Nunca pensamos que iremos presenciar algo assim. Tão triste. Tão desconhecido. Tão desesperador.

Pensei primeiro que alí poderiam ter pessoas ainda vivas sendo queimadas, pensei nas famílias.

Pensei em mim, na minha vida, na minha família.

Olhei o rosto de cada passageiro que se encontrava naquele ônibus. Cada um seguindo para o seu destino, cada um que deixou alguém esperando por sua volta ao final do dia, cada um com sua família, com seus problemas. Todos serem humanos. Cada um com sua história. Cada um com sua VIDA!!!!

Fiquei muito emocionada.

Aquele piloto foi um herói. Não conseguiu salvar sua própria vida nem de seus passageiros, mas salvou muitas outras que ali passavam, naquele momento, seguindo para seu trabalho, para usa consulta, ou para fazer um passeio já que estamos no mês de férias escolares... todas as pessoas que passavam pela Av. Boa Viagem, às 07h10, horário de pico, dentro de ônibus e carros. Aquele piloto salvou as nossas vidas!!! SALVOU A MINHA VIDA!!!

Agradeci muito a Deus pelo livramento. Pela proteção que ele me dá todos os dias, desde a hora que eu levanto até a hora que vou dormir.

Cheguei no escritório muito triste contanto o que eu tinha visto. Um abraço muito forte, carinhoso e verdadeiro do meu estagiário me acalentou, permitindo que aquela angústia e medo fossem minimizados pelas lágrimas que não contive.

Lembrei muito da minha rotina, quando todos os dias digo: - Tchau painho, eu já vou, e ele diariamente me responde – Vá com DEUS minha filha!!! E hoje realmente Deus estava comigo, aliás, ele está todos os dias.

Diante de tudo isso, várias lições: Eu poderia ter morrido, mas por obra e graça de Deus estou viva para testemunhar para vocês. Eu hoje, abusada por ter que ouvir uma conversa (nem sei sobre o que) no meu pé do ouvido, e não perceber que Graças a Deus, tenho audição perfeita. De ficar aborrecida, quando na volta para casa alguém que não está propriamente “cheiroso”, encosta-se a mim, ou porque esvaziou um assento e uma espertinha (como ontem) colocou (jogou) a bolsa tomando um lugar que seria “meu”. Ah, como nos aborrecemos por coisas tão pequenas, sem analisarmos que do outro lado também é um ser humano, certo que, talvez não tão cheiroso, ou nem tão educados, mas gente igual a nos mesmos, com vida que pode ser tirada em um segundo, e num outro segundo, ser apenas mais um corpo enterrado servindo de alimento aos vermes!!!

Que Deus sempre proteja você que esta lendo este meu emocionado relato, bem como, sua família, seus amigos, seus vizinhos, todos que se relacionam com você e tantos outros mais que nem ao menos conhecemos.

Segue link sobre notícias do que presenciei:

http://www.facebook.com/l/mAQAuc8rRAQCjNpDPptwkjYQ75HSGOWFS_ZuJtK0TuYphCA/www.180graus.com/geral/aviao-cai-no-recife-em-avenida-na-orla-com-16-a-bordoaviao-explodiu-440576.html

Forte abraço,

Emily Koehler

domingo, 3 de julho de 2011

Mudanças à vista

Agora faltam poucos dias para mudar de endereço comercial. Novo ambiente de trabalho, nova equipe, nova função e muitos desafios. 

Acho que é normal o medo do novo. Geralmente eu me acostumo com o que faço, mas não suporto a ideia da rotina. Todos os dias a mesma coisa, sem novidades, sem desafios, sem possibilidade de criar. Sou o tipo de profissional que não me nego em pegar uma bomba para resolver, pelo contrário, adoro! Gosto de quebrar meus limites e sentir a necessidade de ser testada. Quando eu chego a minha zona de conforto, fico desanimada. 

Eu preciso de inspiração, não que eu trabalhe com criação que tenha a necessidade de algo que me motive a criatividade. Creio que isso é em qualquer função, aquele desejo de inovar, de fazer algo que seja o diferencial. 

Hoje as pessoas me perguntam: “O que você faz?” Minha resposta tem sido: “De tudo um pouco e às vezes eu faço testes”. Fui contratada para ser analista de testes, porém precisei me adaptar as demandas do projeto que já peguei em andamento. Com a fusão das empresas, o projeto ficou com prazo reduzido. Tive que aprender em pouco tempo a lidar com gerenciamento da equipe, fazer curso de MS Project, saber que para o usuário tudo é urgente. – Para mim, se tudo é urgente, nada é urgente! – Lidar com usuário é o que eu faço de mais difícil e delicado. Alguns usuários têm a ideia de que uma fábrica de software é um balcão de lanchonete, eles fazem o pedido via e-mail, muitas vezes não sabem bem o que querem e acham que serão atendidos em minutos. 

Alguns pontos que aprendi nesta minha nova função.
Sempre estimar um prazo levando em consideração os riscos e eventuais atrasos; 
Nunca deixar o usuário sem feedback do andamento de uma solicitação feita por ele, nem que seja para negociar a deadline e sempre ter argumentos convincentes. Pior que não entregar no prazo, é reestimar várias vezes;
Desenvolvedor é um ser sensível, nem todos os dias eles estarão tão produtivos;
Apesar das reuniões de Scrum serem pela manhã, a equipe só está de corpo presente depois que chega a garrafa de café, ou seja, depois das 9h, antes disso é inútil pedir feedback das atividades de ontem;
Nunca dê bypass no seu superior, mesmo que seja algo necessário, faça ao máximo para que ele participe de qualquer decisão tomada no projeto;
Se algo é urgente, ou é uma mudança de impacto, não espere o retorno de um e-mail. Use o e-mail para registro e ligue para o usuário; 
É gigantesca a diferença entre o nosso entendimento técnico e o que foi levantado no requisito. Em requisito não cabem as palavras: “Acho”, “Talvez”, “Parece”, “Penso” e outras derivantes de suposições. Nunca deixe de perguntar algo que parece ser óbvio. 
Nem todos da equipe têm o mesmo ritmo e sabem o que significa prioridade. Têm desenvolvedores e pessoas que acham que é melhor jogar tudo fora e fazer tudo novo, porque é difícil para ele aceitar um código que não foi ele quem fez. Identificar isso é crucial;
Saber cobrar. Acho que não tem nada mais chato que receber uma atividade ou demanda e alguém ficar a cada 10min perguntando: “E aí? Como estamos?”
  • Primeiro: não “estamos” porque você não está fazendo nada.
  • Segundo: é para isso que tem reunião de Scrum. Existe um momento para cobrar e uma maneira correta de como deve ser cobrado. Cobrar de forma errada é dá um tiro no próprio pé. Todos sabem o que deve ser feito, pois delegar é ter confiança.

Motivar a equipe é o mais difícil. A motivação pode ser até um lanche no fim da tarde, ou simplesmente largar um pouco mais cedo na sexta-feira se conseguir concluir tudo no prazo. A motivação depende das necessidades da equipe e precisa ter feelling para identificar a necessidade de cada um.

Controle e comunicação. Não tem nada mais dispendioso que falha na comunicação. O tal telefone sem fio, ruídos que causam atrasos ou até entendimentos divergentes entre os membros da equipe, ou entre as definições tomadas. Quando isso ocorre é fato que vamos ter problemas. Para evitar isto, todos devem ter ciência do que devem fazer e como devem fazer. Caso haja qualquer impedimento, os interessados devem ser avisados o quanto antes.

Controlar é algo que requer trabalho e atualização, de nada adianta não ter registro da baseline. Um relatório baseado em informações desatualizadas não passa de dados empíricos, um relatório atualizado são informações empíricas que podem ser usadas na tomada de decisão, inclusive para decidir se vale à pena ou não realizar uma atividade.

Essas são poucas as coisas que aprendi sendo um pouco a líder da equipe, ainda tenho muito que aprender. Lidar com pessoas é algo que transcende o nosso entendimento. Hoje já penso em investir nesta função que aos pouco vou sendo convidada a conhecer e assumir.

Não sei ainda se no meu novo local de trabalho vou ter a mesma abertura e a mesma oportunidade. Mas uma vez ouvir uma amiga dizer que as oportunidades são criadas mesmo onde parece não haver possibilidades.

E o mais importante disso tudo é a humildade de assumir os erros. Perguntar quando não souber e reconhecer que o trabalho é fruto do trabalho em equipe.

Lição do dia: Oportunidades são criadas mesmo onde parece não haver possibilidades.